quarta-feira, junho 18, 2008

Trabalho

Do inicio da humanidade até nossos dias o conceito de trabalho vem sofrendo diversas alterações, preenchendo páginas da história com novos domínios e novos valores. Do Egito até os séculos da Idade Média e do Renascimento, o trabalho foi considerado como um sinal de desprezo, de inferioridade, concepção antiga dos trabalhadores, escravos e servos. Mas, com a evolução da sociedade, seu conceito também evoluiu.
Segundo R. Cabral (1983), a palavra «trabalho», na sua origem etimológica, significa “tripalium, instrumento de tortura composto de três paus ou varas cruzadas, ao qual se prendia o réu” (p. 1774).
Apresentamos alguns significados da palavra trabalho de acordo com o que é definido por um dicionário Aurélio da Língua Portuguesa: “exercício de atividade humana, manual ou intelectual, produtiva”; “serviço”; “lida”; “produção”; “labor”; “maneira como alguém trabalha”. «Trabalhar» é “exercer alguma profissão”; “dar determinada forma a”; “fazer com arte”; “labutar”; “empenhar-se”; “executar alguma tarefa”; “desempenhar as suas funções”.
A partir de Marx o trabalho tornou-se um valor social universal, um conceito filosófico. Com o desenvolvimento das sociedades o trabalho passa a ser a fonte de riqueza dos países, ou seja, torna-se um fator de maior produção. Seu processo ocorre pela mobilização de cinco recursos, denominados fatores de produção: reservas naturais (fator terra), recursos humanos (fator trabalho), bens de produção (fator capital), capacidade tecnológica e capacidade empresarial.
Com a Revolução Industrial, o trabalho deixa de ser penoso, não é de prazer, mas para ganhar a vida, por necessidade, e passa a ser assalariado. Nessa época, também se acentua a idéia de subordinação, já que os operários não tinham outra fonte de rendimento que não fosse sua força de trabalho. Mas esta forma de trabalho assalariado só se consolidou totalmente mais tarde, depois que o capitalismo se fortaleceu e se expandiu como sistema econômico predominante no mundo.
No Brasil, durante a I Guerra Mundial (1914 a 1918), a industrialização se intensifica no país, e por conseqüência o país entra em crise com as altas inflações, produção acelerada e mão-de-obra barata. Até então, as pessoas não eram as prioridades e sim a racionalidade econômica.
Com esta dependência surge a necessidade de algumas normas de proteção. Surgem as organizações sindicais, os partidos dos trabalhadores, que começaram a exigir a intervenção do Estado para melhorar as relações de trabalho. Após o termino da I Guerra Mundial, o Brasil assume compromissos internacionais sobre a questão do trabalho.
Em 1925, a câmara aprova um novo código, que regulamenta o direito de férias, a redução de carga horária para 8h. E proteção à mulher. Hoje temos a Emenda 45/04, art.114, que dispõem ser competente a Justiça do Trabalho para conciliar e julgar as ações decorrentes das relações de trabalho, as ações de indenização por dano moral ou patrimonial decorrentes da relação de trabalho e outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. Também amplia a competência da Justiça do Trabalho para outros campos, entre eles as ações envolvendo a fiscalização do trabalho (art. 114, VII, Constituição Federal), o direito de greve (art. 114, II, Constituição Federal), ações sobre representação sindical (art. 114, III, Constituição Federal), conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista (art. 114, V, Constituição Federal), mandados de segurança, hábeas corpus e hábeas data (art. 114, IV) e execução de contribuições sociais (art. 114, VIII, Constituição Federal).
A criação de todos estes instrumentos de proteção não significava que estava tudo resolvido e que as condições de trabalho fossem as ideais. Nessa sociedade industrial os seres humanos foram reduzidos à mais limitada das suas potencialidades, ou seja, à sua capacidade de trabalhar. E foram amarrados a um paradigma que os impede de se realizarem como verdadeiros seres humanos. Mas A inteligência dos homens tem vindo a permitir liberta-los do trabalho-mercadoria, do trabalho alienado. Uma sociedade cada vez mais centrada no conhecimento, no tempo livre e nas atividades ligadas ao pensamento e à criação, está agora ao nosso alcance. O capitalismo está em final de vida! ?
A inteligência do ser humano e a sua capacidade de produzir saber e conhecimento. O conhecimento já disponível. A aceleração da nossa capacidade de produzir mais saber. As novas tecnologias. Fazem da educação, do ensino, da aprendizagem e da produção de conhecimento, a nova centralidade social. Já não somos chamados a usar a força, mas a inteligência.

O Rendimento Escolar e a Formação do Sujeito

INTRODUÇÃO

Analisando o impacto das ultimas pesquisas realizadas na educação brasileira, nas quais envergonhou o país, notamos a grande dificuldade de se conseguir um mínimo de rendimento escolar em nossas escolas atuais. Verifica-se ainda que alguns estudantes não possuem capacidade para está em determinada série ou curso, segundo resultados divulgados pela UNESCO em novembro de 2007.
Nos últimos anos os resultados das pesquisas na educação brasileira, feitas pela UNESCO são base para muitos programas que o governo implanta com o intuito de diminuir esse fracasso escolar que se vê no Brasil, exemplo disso é o Pró-Uni, entrada em universidades através de sistema de cotas, o TOPA,etc. E ainda temos uma grande diversidade de cursos que podem ser feitos através da educação à distancia (EAD), tudo a fim de produzir uma educação e formação de maior qualidade, ajudando assim, a construir uma sociedade menos injusta socialmente, e que os indivíduos tenham consciência de seu papel na sociedade. Assim nos diz Moran (2000, p. 17),

“Educação deve colaborar para que professores e alunos – nas escolas e organizações transformem suas vidas em processos continuo de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção de sua identidade, de seu caminho pessoal e profissional (...), que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornar-se cidadãos realizados e produtivos”.

O problema do fracasso escolar tem me interessado muito, pois desde a geração dos grandes educadores do passado, como Comênio, Aristóteles, os Jesuítas, Rousseau, Anísio Teixeira, Paulo Freire, e tantos outros pesquisadores da educação mundial tem procurado por métodos e/ou soluções para acabar com este problema que ainda hoje, tem interferido tanto na aprendizagem dos alunos, como na relação professor-aluno, deixando seqüelas até na formação existencial do sujeito.

PROBLEMA: Como e até que ponto a qualidade ou rendimento escolar pode interferir na formação do sujeito?

OBJETIVO GERAL:
Compreender as causas que influenciam no desempenho escolar do aluno, e a implicação deste na formação do sujeito, analisando novas maneiras para o desenvolvimento educacional do sujeito.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Compreender o papel da família na formação do sujeito; E como a família interfere no rendimento escolar do sujeito.
- Entender os motivos do baixo rendimento escolar existente; E como o baixo rendimento escolar interfere na formação do sujeito.

Rendimento escolar

A realidade que se apresenta nas escolas, no que diz respeito ao rendimento escolar e ao comportamento de seus alunos, tem preocupado e suscitado uma série de estudos sobre o rendimento escolar. O termo “rendimento escolar” leva a interferência do sucesso qualitativo do sujeito. Diz-se rendimento escolar referindo-se à formação de um cidadão pró - ativo e consciente de seu papel em sociedade, tal comportamento vai além de boas notas, pois


A educação do cidadão compreende a formação para o exercício do trabalho, mas, também, compreende o acesso aos valores da civilização e o contato com o desenvolvimento da ciência e das técnicas modernas. Compreende, ainda, a preparação política do indivíduo a fim de que ele possa se articular na vida social, dotando-o de condições que habilitem a compreender, analisar e interpretar sua realidade, bem como ascender a postos que lhe permitam participação na participação histórica. (RODRIGUES, 1995, p. 96).


Um dos maiores papéis que deve ser desempenhado pelo professor é fazer com que aconteça a aprendizagem de forma satisfatória, que atenda as exigências da sociedade. Mas segundo Freire (1987, p. 52) “ ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Assim o professor deixa de ser um transmissor de uma educação bancária, e tornar-se a chave sob esta perspectiva, pois ele é encarregado da construção do conhecimento e dos valores necessários para que o indivíduo se torne membro de uma sociedade que requer, cada vez mais, profissionais que tenham uma boa formação escolar, eticamente, intelectualmente, crítico etc., e que sejam bem qualificados e capacitados em seus cursos de formação. Mas se o processo de aprendizagem e de desenvolvimento do indivíduo dependesse só dos professores, seriam poucos os problemas de alunos sem a competência necessária para estar em determinada série ou curso.
Houve época em que era preciso usar a violência explicita para se conseguir o rendimento escolar. Nas civilizações antigas (Esparta, Atenas e Roma) proclamavam que “a letra entra com sangue”. Nas classes organizadas pelos jesuítas existia a “decúria dos asnos” cujos membros usavam elmo ou capacete com orelhas de burro e a palmatória foi usada entre nós até algumas décadas atrás.
No livro “Para que servem as escolas” (1995) encontrei a citação de um autor japonês, Hiroshi Totsuka, também diretor de uma escola, onde ele afirma que a “educação é dar ordens e fazer-se obedecer” ( ). O autor deste livro, Lauro de Oliveira Lima, diz que, Totsuka prega abertamente a violência escolar como método de rendimento escolar, em que a alfabetização chega a 100%, portanto dispensa qualquer técnica pedagógica e até hoje não encontrou outra forma de se obter um mínimo de rendimento escolar.
Não podemos pegar a “técnica” de educação de Totsuka e afirmar que ela daria certo na realidade das escolas brasileiras, visto que aqui, a educação tem grande influencia do construtivismo, onde nessa corrente filosófica, o foco da educação é no aluno, e a educação deve ser um processo de construção de conhecimento, e não repetir à força o que já está pronto, como fazem os japoneses, e depois a nossa cultura não possui apegos tão fortes com a rigidez da disciplina familiar que possui a japonesa.
Quando Rousseau (1999) afirmou que "a criança não é um adulto em miniatura", os educadores começaram a procurar novas maneiras de educar, que dispensassem a violência para fazer com que o aluno se interesse no que está sendo discutido na sala de aula. Os métodos de ensino evoluíram com Rousseau, os escolanovistas, a psicogênese de aprendizagem de Piaget, e tantos outros reformadores da educação mundial e brasileira.
Hoje, são utilizados novos métodos, com novas tecnologias, para facilitar os processos de ensino e aprendizagem. Existe a "teleducação", onde a educação acontece onde quer que esteja o individuo, e também o ensino à distância, que segundo Eduardo Chaves (1999), trata-se de uma auto aprendizagem ou aprendizagem mediada pela tecnologia.
Isto mostra alguns métodos que tem sido usado para que a educação esteja ao alcance de todos e com maior qualidade. Mas apesar de tudo isso, como explicar o baixo rendimento escolar existente, a baixa qualidade do ensino, em nossas escolas atuais?
Em novembro de 2007, foi divulgado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação) o relatório de educação brasileira, onde os resultados são absurdos. Segundo o relatório, o Brasil é responsável por 40% dos analfabetos da América Latina, e passou da 72º posição no ranking de desempenho escolar para a 76º posição.
As causas apontadas para este problema são inúmeras, onde uma das mais conhecidas e mais graves é a falta de valorização dos profissionais da educação. Alguns professores da rede pública dizem que


Os currículos são muito extensos, os dias letivos ficam muito corridos, o professor acaba ficando sem tempo para tentar resolver as dificuldades que o aluno tem de aprender, além disso, a sala de aula é muito cheia, ai vira aquela bagunça e ninguém aprende nada.[1]


Esta é apenas algumas das dificuldades que o professor tem para intervir no problema. O professor se queixa ainda dos baixos salários, da falta de uma constante qualificação, formação dos professores. Visto que estes precisam estar atentos para as transformações que ocorrem no presente, a fim de evoluir juntamente com seus alunos.
Mas, há aqueles da comunidade achando que, se o aluno não aprende, é porque o professor é irresponsável, não ensina como se deve, é sem compromisso com a escola, etc. Entendo que isso que foi dito não está correto, pois seria necessário um número mais significativo de funcionários sem compromisso com a educação. Existem aqueles professores, que apesar de todas as dificuldades vestem a camisa e honram sua escola, seus alunos, honra sua classe batalhadora que luta por melhores condições de trabalho.
Hoje grande parte da sociedade se encontra num estado de acomodação, ou seja, de valores que não incentivam em nada, só desencorajam o estudo, e promovem o insucesso escolar. Crianças e jovens só querem saber de diversões, namoro, horas exageradas na internet (MSN, orkut, jogos, encontros). Enquanto aos pais, e até grande parte dos jovens, são envolvidos pelo consumismo, pelo sistema capitalista que quer nos tornar cada vez mais individualista.
6Com isso os pais tendem a trabalhar mais, chegam em casa tarde, cansados, alguns não têm tempo nem para conversar com seus filhos e ainda pensam que conseguem driblar a alienação que nos é imposta pelo sistema capitalista, quando na verdade, está contribuindo para que cresça. Assim


O intelectual pensa ser esperto, mas de modo geral o sistema vigente é ainda mais. O sistema descobriu também que a crítica sem a prática lhe serve muito, pois incute a idéia de democracia nas idéias. É muito bom que exista o critico, desde que não seja prático, porque com isto o sistema pode apregoar que não reprime quem tem idéias opostas. (DEMO, 1987, p. 98).


Portanto a baixa qualidade de ensino envolve todos os fatores globais que cercam o indivíduo. Assim dar se a impressão de que o mais importante na vida é a base materialista esquecendo dos valores sociais, culturais e principalmente os familiares.
Comprovadamente a família pode ser uma instituição que influência diretamente no desenvolvimento e no desempenho escolar do individuo, pois se a família é desestruturada a criança se desestruturará, com isso apresentará fracasso escolar e conseqüentemente se excluirá da sociedade.
Para onde caminham essas crianças? Segundo Cris Poli, “(...) a responsabilidade da educação começa sempre com o pai e a mãe” (2007, p. 48). E nós, como profissionais da educação, precisamos oferecer estímulos para gerar efeito imediato na percepção de que futuro está sendo construído, que repercutam também na aprendizagem, no desenvolvimento sensório-motor, cognitivo, social e crítico humano. “Umas das tarefas mais alegres de um educador é provocar, nos seus alunos, a experiência do espanto. Um aluno espantado é um aluno pensante”. (ALVES, p.28, 1998)

Precisamos provocar esta geração para crescer, para evoluir, superar-se, neste momento histórico de globalização mundial da economia em que todos os países seguem a regra de empregar funcionários mais qualificados.
[1] Entrevista concedida ao professor Antônio Maciel, no dia 26 de novembro de 2007. No Colégio Estadual José de Souza Machado, onde o mesmo atua, em Central-Ba.